terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um Brilho no Firmamento.





Comumente escutamos na mídia frases de efeito como: “...o astro de grande magnitude do cinema vai...”, provando mais uma vez que esses sujeitos são ótimos jornalistas. Contudo, igualmente não entendem lhufas de astronomia. Tal erro, reiterantemente repetido, pode nos causar alguma confusão e fazer acreditar que quanto maior a magnitude maior é o astro. De modo algum isso está correto para as nossas atividades!   

Um dos grandes filhos da Escola de Alexandria foi Hiparco. Esse notável grego que entre outras coisas proporcionou grandes avanços no campo da trigonometria, inventou o astrolábio primitivo e também desenvolveu um método de classificar as estrelas é tido como um dos pais da astronomia científica. É justamente nesse último feito, o de catalogar estrelas, que agora tem maior função para nós. Tal método, que encontrou eco durante o passar de dois mil anos, ainda é usado como medida científica hoje.

Na verdade o que esse astrônomo fez não foi mais que uma tabela de comparação entre o brilho dos astros, bastante simples como tudo que é realmente bom... Tal característica é nominada de Escala de Magnitude Aparente( agora uma dedução lógica brilhante é que também existe uma real...), essa escala não denota tamanho ou intensidade de do astro, mas sim a quantidade de luz proveniente dele que chega até nós. Ela foi compilada de modo meio subjetivo, contudo eficiente. Uma noite Hiparco classificou as vinte estrelas mais fortes que ele observou como de magnitude 1, as de um tamanho pouco menor ele as classificou astros de magnitude 2, assim por diante. Entretanto existe um complicador para as lentes nesse ponto, pode se muito bem pensar agora que um astro de magnitude aparente 1 é quatro vezes maior que outro de magnitude 4. Isso não é verificável dessa forma, o olho humano funciona de modo não linear para a captação da luz, deste modo se aproximando mais de um comportamento logaritmo para essa escala. Mas como nós podemos usa-la? Para se obter um comparativo seguro, encontre a estrela Vega, ela fica na constelação de Lyra.



Pois bem, essa tem magnitude 0(Sim, também existem astros de magnitude negativa. Não esperavas que Hiparco tivesse catalogado todas as mais de 1500 estrelas observáveis a olho nu, não é?), ela pode servir como marco zero em uma escala. As que forem um pouco mais opacas que ela tem magnitude positiva na ordem decrescente de 1, 2, 3... Já as que forem mais brilhantes tem magnitudes menores na ordem inversa do tipo -1, -2... Simples assim! O olho humano capta astros de magnitude até 6, contudo, para isso a noite tem que apresentar condições espetaculares. Segue abaixo uma tabela das magnitudes aparentes dos astros mais usuais:


Sol
-26,74 Magnitudes
Grandes Cometas
 -19 até -17  Magnitudes
Lua Cheia
-12,6  Magnitudes
Venus
-5(Maximo) Magnitudes
Júpiter
-2,2 Magnitudes
Sirius: -1,5
-1,5  Magnitudes
Mercúro
-1,3 Magnitudes
Vega
0,0  Magnitudes
Olho Humano
6 Magnitudes
 Binóculos e Refratores
6 até 10 Magnitudes
Refletores de 76mm até 300mm
10 até 15  Magnitudes
Grandes Telescópios Terrestres
20 até 27 Magnitudes
Limite dos grandes telescópios Terrestres
28  Magnitudes
Hublle
30  Magnitudes
*Lembre-se que essa é uma escala logaritma. ;P


Contudo o velho Hiparco não tinha naquela época como adivinhar que as estrelar não estavam todas na mesma distancia, quem dera que queimavam combustíveis diferentes em seus motores de fusão nuclear de acordo com sua evolução estrelar. Ai está a origem do problema do tamanho aparente! Para uma criança pode parecer que a Lua que seja maior que o sol, assim como você poderá ter problemas em convencer um leigo em astronomia que a dita “Estrela Dalva”(que na verdade é o planeta Venus) é muito menor que Júpiter... Para se entender a Magnitude Real é só imaginarmos que todas as estralas estivessem afastadas da terra pela mesma distância, dessa forma fazendo com que uma data quantidade de luz chegue a nós. Gostaria de evitar formulas nesse espaço, contudo acredito que nesse caso essa pode ser útil para ilustrar como exemplo:


m = 2,5log F + c/d       


Onde "m" é a magnitude aparente, "F" é o Brilho aparente e "c" corresponde a distância(comumente 10 parsecs)

Nome da estrela
Magnitude aparente
Magnitude absoluta
Distância da Terra (em anos-luz)
Sol
-26,72
4,8
0,000016
Sírius
-1,46
1,4
8,6
Canopus
-0,72
-2,5
74
Rigel Kentaurus
-0,27
4,4
4,3
Arcturus
-0,04
0,2
34
Vega
0,03
0,6
25
Capella
0,08
0,4
41
Rigel
0,12
-8,1
900
Betelgeuse
0,7
-7,2
1.500
Altair
0,77
2,3
16
Proxima Centauri*
11,05
15,5
4,3
*Fonte: Observatório Nacional



Também existe a Magnitude Bolométrica, que leva em conta a energia da estrela. Que serve para determinar o estágio evolutivo de uma estrela. Entretanto, deve ficar claro aqui que apesar de todas essas magnitudes tenham suas escalas relacionadas, elas são independes em suas ordens de crescimento. Prova disso que a primeira vista tinha como base de partida a estrela mais brilhante que um astrônomo viu a dois mil anos atrás, a segunda em Vega que tem magnitude aparente 0 e finalmente essa última o brilho do sol.   

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Chronos...

Chronos de Goya



Chronos, o senhor do tempo, foi um dos Deuses Primordiais da mitologia grega. Era uma divindade não humana representada por uma serpente que se movia permanentemente pelo plano celeste fazendo com que os astros se movessem. Esses antigos acreditavam que quando tal divindade casou-se com Ananke deram origem ao ovo primordial de onde tudo no mundo surgiu. Esse deus também devorava seus filhos, nos lembrando que nada está imune ao tempo. Talvez por isso Schopenhauer tenha definido como o único objetivo do tempo seja uma retórica ao nada. Buenas, entropia a parte, já os antigos astrônomos Romanos o chamava de Saturno, imaginavam que ele era o planeta visível mais distante, pois ele tinha maior período de translação e também porque a ele era reservada a missão de arrastar o universo.

Mas afinal, o que tudo isso tem a ver com ciência moderna? Fica claro que mesmo os homens do mundo antigo já sentiam a necessidade de um método para contar o tempo para que pudessem ter alguma exatidão em suas previsões astronômicas. Contudo, entrando no maravilhoso mundo das hipóteses, se esses homens do mediterrâneo fossem comparar seus apontamentos com astrônomos Astecas isso seria um problema! Mesmo que esses tivessem dividido o mesmo local e hora de observação, pois nossos antigos pré-mexicanos usavam o ciclo de Venus para contar o tempo.

Estranho como isso ainda é problema hoje! Já notaste quantas horas um local mesmo pode ter? Hora local, solar, legal, horário de verão e assim vai...  Por isso se criou a necessidade de definir o tempo de um só meridiano como o padrão, por muita gente hoje é adotado o tempo sobre o meridiano de Greenwich(UTC), que não é mais que o tempo olhado no relógio em um observatório em Londres. Esse é o TU(Tempo Universal), que no meu caso para encontrá-lo devo subtrair 3h do meu relógio TL(Tempo Local), certo? Opá, hoje estamos no horário de verão, então são só 2h que devo subtrair, ou não? :) Também sobre o GMT alude o estranho fato de que se você não estiver no Reino Unido, Portugal, for um dos 311.058 afortunados moradores da Islândia ou estiver em algum dos raros países do Noroeste Africano, certamente terá que ajustar os ponteiros do relógio. Outro inconveniente é que até a relativamente pouco tempo atrás sofríamos(coisa parcialmente resolvida após Rainha Vitória começar dar as cartas no mundo), é o fato que existiam a hora de Paris para os francos, os Holandeses seguiam a hora de Mercator que era baseada no horário solar da Ilha do Corvo, já para os Portugueses a hora local do Observatório de Coimbra era o fio condutor... E isso só falando de hora! Lembre-se que os cristãos ortodoxos ainda usam o Calendário Juliano, os judeus o Ano Judaico, os asiáticos o Ano Chinês, complicou um pouco, né?    

Talvez por receio que um dia venhamos todos a responder a hora do meridiano da Pedra Negra de Meca ou quem sabe do meridiano que corta Pequim, existe uma outra hora bastante adotada, o Dia Juliano(DJ)!  Fora de brincadeira, esse tipo de contagem de tempo oferece algumas vantagens. Primeira ela não é baseada na passagem solar por um meridiano, mas sim por um evento. Ele é contado de modo continuo sem separação de hora, dia, mês ou ano, o que facilita o processamento de algoritmos por computadores. Talvez por esse motivo ele também tenha sido adotado como a hora oficial por grandes agencias espaciais como a NASA, apesar desses contarem como marco para a hora zero o início do Projeto Apolo. Seu calculo é um tanto complicado pois ele passa por duas transições de calendário, o  Juliano e o atual Gregoriano, contudo isso não é problema! Lembra-se daquele último programa que lhe passei? Ele instalou um pequeno aplicativo que pode ser encontrado na direita de sua barra de tarefas. Clicando duas vezes sobre ele você abre uma janela com esses tempos já calculados para você. Também existem uma infinidade de programas gratuitos para o iPhone que eu costumo a usar em campo.                  





domingo, 29 de janeiro de 2012

Primeira Ficha.




Certa oportunidade conversando com um dos meus maiores exemplos de vida essa pessoa falou que um homem se torna histórico a medida de seus projetos! Tempos mais tarde refletido sobre essas palavras enquanto estudava teoria do projeto notei o quanto essa pequena frase proferida por esse doutor em história era preciosa. Nela está contida toda a essência do conhecimento humano. Dado que a função de um projeto não é maior do que gerar registro das propostas, tentativas e soluções apresentadas para execução de um objetivo, ao trilharmos tal caminho, encadeamos remissividade as várias etapas de amadurecimento de sua execução.



No caso de nossa atividade essa necessidade é atendida por meio de um bloco de anotações pessoais. Já havia falado sobre ele anteriormente, assim como que voltaria a falar nesse novamente. Pois bem... tal registro é bastante valioso para comparações futuras, assim como para cruzamento de informações com outros colegas. Agora que já temos compilado alguma base para nossas anotações, lhes passo o modelo que eu uso. Nem todos são iguais, contudo existem algumas informações comuns para todos eles, acredito que esse que criei em uma planilha de Excel contemple em grande parte os campos mais úteis.







Após publicar a tabela notei que ela perdeu em muito sua configuração ao importar o arquivo. Ao tentar repara o problema não obtive o resultado esperado, tento sanar passando uma legenda dos itens que ficaram de fora.


Quando eu elaborei a planilha dividi essa em seis campos de informações distintas e em cada campo detalhei os tópicos mais relevantes. Seguem:


- 1: Assunto que trata a observação da saída.                           
- 2: Local em que se deu a observação.                                       
- 3: Data e tempo em que foi realizada.                                      
- 4: Instrumentação usada para apoio a observação.               
- 5: Câmera usada para documentar os objetos observados.
- 6: Condições climáticas aferidas no local.                                





Ao Contrário de Goeth.



Mesmo que a despeito do poeta que morreu pedindo por mais luz, certa vez, em uma classe de matemática um professor nos evidenciou o contrário. Nesse dia o docente nos propôs uma série bastante complexa que nos tomou grande parte da aula para resolver tal equação. Era véspera de prova e imaginava que ele não teria tempo de corrigi-la, pois faltavam poucos minutos para o final do período. Sem presa ele se aproximou do quadro negro aplicou uma técnica de primitivação, desse modo e  em não mais duas linha e alguns segundos ele chegou aos mesmos resultados que o resto da turma havia obtido em horas de trabalho. Não me lembro de qual equação era, nem qual técnica de primitivação foi aplicada, contudo bem me lembro da lição demostrada por esse homem após seu feito. Atrás de óculos pesados, nos fitando com olhos mareados pelo depósito de décadas de sedimentação de pó de giz, fulminou... -Pois é pessoal, luz demais também cega os olhos!

Talvez pelo fato desse homem ter fundamentado seus valores na tradição judaica, que ensina que nada é mais precioso que a luz, contudo em seu excesso ela ofusca a visão; esse bom docente citou acidentalmente um dos postulados mais fundamentais da observação astronômica. Por mais dicotômico que isso pareça, para captarmos a luz, devemos nos abrigar da luz e de tudo mais que a reflita. Para tanto, devemos atentar as melhores condições para que captemos tão somente a luz que nos é favorável. Existe uma série de variáveis que vêm a influenciar a qualidade da luz que queremos captar. Manipulando tais coeficientes podemos selecionar o melhor tempo e lugar para aproveitarmos o máximo desempenho de nossos aparatos ópticos.

Acredito que a nebulosidade ao longo do tempo tenha se apresentado como a pior barreia ao astrônomo. Além da obvia obstrução por capota que as nuvens causam no planisfério celeste, essas também refletem parte da luminosidade oriunda das cidades assim como da lua. Tal coisa é realmente frustrante, pois por vezes esperamos messes por determinada efemérides planejamos saída de campo e o céu está encoberto... Certamente seria um absurdo tentarmos dissipar as nuvens através de algum método fantástico, porem podemos atentar para alguns princípios. Devemos lembrar que o período de verão é muito mais nebuloso que o de inverno. Isso não é lá grande problema, pois minha experiência me aponta que o céu mais interessante. Entretanto, existem objetos que só se mostram nessa época. Pode ser uma boa idéia esperar um dia que tenha chovido torrencialmente, comumente a noite vai estar com o céu limpo. Durante o inverno e essas condições são mais raras, geralmente só associadas a entradas de frentes frias que são bem mais rápidas em sua passagem. Outra vantagem dessa época do ano está na baixa umidade e temperatura atmosférica o que minimiza os efeitos de aberração provocados pelo albedo e pela formação de orvalho sobre o espelho.  

Justamente a temperatura é mais um condicionante para a boa observação. Um dia que foi muito quente o ar fica “mexido” gerando turbulência, provocando esse fenômeno de albedo que falei no parágrafo anterior. Devemos nos lembrar que a atmosfera também é um fluido, logo responde as leis que regem a mecânica desses corpos! Podes se lamentar agora que não recordares mais de quase nada sobre Termodinâmica ou Pneumática, sem problemas, isso só prova que você provavelmente seja uma pessoa feliz! :) Acredito que o objetivo geral desse blog seja se divertir com as observações e não calcularmos os índices de refração de nossos objetos observáveis. Isso seria realmente um excesso de minha parte, dado que no fundo tal coisa se mostraria de muito pouca utilidade para você agora. Contudo é de ordem bastante prática saber evitar áreas de formação desse fenômeno. Primeiramente, afinal o que é o albedo e o que devo saber sobre ele? Salvo se tu já precisaste consultar um oftalmologista durante o período de verão provavelmente também nunca tenhas percebido que a atmosfera fica mais turva durante o verão! Pois bem, já notaste sim, só que provavelmente não tenhas associado! Já viste em um dia quente uma ondulação de calor sobre o asfalto, ou como o ar se turva próximo a chama de uma vela? Então, esse é o tal do albedo que cria a famigerada turbulência! Simples assim... Podes imaginar que tal fenômeno é desprezível, contudo ao ampliarmos o arco celeste, também ampliamos a turbulência contida nele tornado a imagem gerada tremula. Como imagino que NÃO cometerás a estupidez de fazer uma fogueira próximo ao seu telescópio uma das condicionantes já está equacionada. Então fica a segunda dica: evitar instalar seu telescópio em áreas que receberam muito calor durante o dia; como por exemplo: pisos concretados ou asfaltados, telhados, terrenos rochosos, etc... Por fim uma dica bacana, espere que o objeto fique mais próximo do zênite para observá-lo! Lembre-se dos elementos que estudastes em geometria plana, em uma cora a menor reta de secção possível é aquelas que passam pelo centro a circunferência inscrita. O que isso tem a ver conosco? Bom, através da planificação de nossa atmosfera obtemos um objeto próximo a uma coroa. Essa secção de reta que falei está exatamente a 90° de nosso ponto de observação, permitido assim que cortemos menos atmosfera, logo, menos albedo. Tal fato também é responsável, em grande parte, pelo fenômenos observacional da Lua nascer enorme em notes cujo dia foi muito quente e diminuir a medida que ela se aproxima do zênite....


A poluição atmosférica também atrapalha bastante o andamento da atividade. Quando falo em poluição atmosférica me refiro a qualquer coisa em suspensão no ar, tanto minúsculos litometeoros assim como umidade e orvalho. Logo, se você mora próximo a alguma zona industrial ou em um local muito úmido sofrerá com isso. Não é a toa que os grandes observatórios terrestres estão locados no meio de desertos... Tais partículas refratam a luz que é vem do espaço fazendo com que essas deteriorem sua definição dos objetos. Isso é um problema quando se usam grandes aumentos, fazendo com que nos limitemos as oculares de maior diâmetro, logo de menor aumento.

Em síntese, existe um método prático que une todos essas variáveis a fim de avaliar as condições de deterioração da atmosfera! É realmente simples. Aponte seu telescópio para a zona de transição entre o dia e a noite lunar. Use uma ocular de aumento intermediário e nenhuma barlow.  Pretendo explicar mais tarde, o tipo de configuração de montagem das lentes oculares, assim como a magnificação excessiva também são fontes de distorção. Por fim, tenha certeza que a montagem do cavalete está firme. Só então, compare o que observa com a tabela abaixo:

1 = Imagem imóvel, de excelente qualidade;
2 = Pequena oscilação da imagem ou ondulações lentas;
3 = Agitação da imagem com breve visão dos pormenores;
4 = Rodopios e misturas de contrastes e pormenores;
5 = Perturbação intensa, com invisibilidade dos pormenores.


Tenha em mente que quanto menor o índice, melhor a qualidade da observação! Os métodos para atenuarmos tais efeitos são os que já foram falados: Minimizar os aumentos oculares, buscar locais mais secos e aumentarmos o ângulo de declividade do telescópio. Podes estar imaginado que lugares mais altos podem propiciar melhores observações pois terá menos atmosfera para ser cortada... ledo engano! Devido aquela propriedade geométrica presente nas coroas, entre escalar o Everest ou aumentar a declividade de meu telescópio eu ainda prefiro a segunda opção. ;P   

Existe ainda mais um fator a ser controlado, evite grandes centros urbanos! Essa é a enfadonha poluição luminosa, tal coisa parece bastante obvia, quanto maiores as fontes de luz ao seu redor mais fraco fica a luz que chega sem interferência aos nossos olhos. Contudo, como morador de um grande centro metropolitano sempre pasmo ao olhar para o céu quando estou no interior, A fim de demonstrar o quanto interferência é brutal simulei no software Stellarium diferentes índices de poluição luminosa, partido do 1 até o 9. Notem que não vario nem a posição nem a hora, mas tão somente o índice de luz parasita. Não confunda esses níveis de poluição com a escala de perturbação atmosférica. De comum entre as duas só mesmo o fato de quanto menor o índice atingido melhor para a observação.

-Índice 1: Céu Primordial, sem a interferência humana.




-Índice 3: Céu Rural   





-Índice 5: Pequeno Núcleo Urbano





-Índice 7: Centro Urbano






-Índice 9: Metrópole






Destarte, espero ter evidenciado que para praticarmos uma saída de campo bem sucedida devemos nos dar o mínimo de planejamento para essa atividade. Com esse último post imagino que tu já tenhas ferramental para planejar seus ensaios próprios. Também termino o que planejei falar sobre localização, espero que tenhas se divertido e que também esteja pronto para abordarmos um novo tópico no próximo post.





sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Dando as Cartas.





Ao iniciar este post, volto meus pensamentos às palavras do grande divulgador da astronomia Carl Sagan: “Saber muito não lhe torna inteligente. A inteligência se traduz na forma que você recolhe, julga, maneja e, sobretudo, onde e como aplica esta informação”. Acredito que esse homem, que falou que todos nós somos feitos de poeira de estrelas, queria demonstrar que o conhecimento livresco, mais do que comum nesses dias, só prova que temos boa memória... Tenho alguma certeza em imaginar que ler uma carta celeste é o mínimo para alcançar o objetivo dessa fantástica atividade. Destarte pretendo hoje demonstrar como podemos filtrar algumas informações úteis para a observação através de um sistema computacional.

Eu já falei sobre alguns softwares antes, porém nunca tive a oportunidade de lhes demonstrar como usá-los. Minha intenção é suprir essa falha agora! Não pretendo de modo algum compilar um tutorial, mas sim um “How to...” muito rápido de como podemos usar de modo prático esse software livre (que pode ser baixado por qualquer pessoa) de grande qualidade!
Buenas, acredito que o primeiro passo é mesmo ajustar nosso ponto de partida para observação. Para tal, devemos, após a instalação do software, setar corretamente nosso lócus observacional, que comumente se mostra mais que um. Esse software que lhes indico no link do final deste post já nos permite uma vantagem: que guardemos várias posições de partida para a compilação de cartas. Isso se mostra muito útil quando temos a possibilidade de irmos para uma residência de interior ou para alguma casa de praia onde temos a oportunidade de fugir da luminosidade parasita... Então, ao abrirmos essa ferramenta, notamos que existe uma barra na margem esquerda de nossa tela. Nela, exibe-se um ícone que o hint diz: “Fixar localização do observatório”. Ao clicar no ícone, devemos informar, nos campos próprios, as coordenadas de onde pretendemos montar a base de observação. No exemplo da figura, passo o local de minha casa, porém, também guardo uma entrada para minha residência de interior e de casa de praia. Para tal, devemos consultar um GPS ou pelo menos o Google Earth, para obter esses dados de geolocalização.




Feito isso, devemos configurar o relógio do software. Esse recurso, além mostrar o que se passa em nossa esfera celeste, nos fornece a Data Juliana correta. Isso vai se mostrar útil mais adiante, quando pretendo sugerir o que se deve ser anotado em nossos blocos de notas. O recurso dessa janela negra que aparece na figura vai estar escondido à direita em sua barra de tarefas, quando falar em hora sideral retomarei esse tópico. Agora nos basta saber que o tempo em uma carta é relativo ao que é observacional em dada latitude local. Assim, mais uma vez voltemos a barra lateral esquerda, tomemos o ícone imediatamente acima do nosso último. Ao clicar nele, se abre uma janela que permite configurar a hora local. Lhes aconselho a habilitar radioButton: “Usar hora do sistema.”, assim ele vai colher a data de sua máquina e fazer os ajustes para cada local cadastrado.



Tendo configurado esses passos já podemos ter uma idéia do que nos espera na esfera celeste! Um dos recursos mais úteis que estará disponível para nós agora é a lista de objetos observacionaveis. Ela está em um ícone na barra superior, e seu hint indica: “Lista de Objetos”; ao seu lado existe um calendário de efemérides, bastante útil para aqueles que objetivam as observações dentro de nosso sistema solar.







O próximo recurso a ser explorado é o que nós plotamos em nossas cartas. Isso vai depender do que nossas lentes são capazes de definir. Para o guerrilheiro espacial, que tem um telescópio de baixo custo, recomendo que não altere a magnificação e que explore os alvos mais viáveis, como aglomerados e planetas. Contudo, se você tiver um aparato óptico mais sofisticado, possuidor de um espelho mais privilegiado, pode lhe ser útil saber como aumentar a magnitude dos astros. Eu uso o menu Carta>Número de Estrelas>Mais Estrelas. Isso também vale para as nebulosas em Carta>Número de Nebulosas>Céu Mais Profundo.




Existe também a possibilidade de se escolher o tipo de projeção de coordenadas que se deseja plotar, por hora mantenha a Azimutal. Contudo, com o tempo pode lhe vir a lhe ser prático usar a equatorial, elíptica ou a Galáctica dependendo de seu nível e aplicação. Esses ajustes também ficam na barra lateral esquerda, como mostra a figura.     





Para atividades de campo, podemos com o auxilio de um Leptop, não prejudicarmos nossa visão noturna. Nessa ferramenta é possível usarmos uma “luz de boate”, como nominávamos esse recurso no tempo de Força Aérea, quando operávamos durante a noite. Fato que a luz vermelha não agride a visão e esse software vem com essa possibilidade. Esse botão está na barra superior, seu hint é “Cor da Visão Noturna”. Ativar-lo possivelmente lhe será útil ao fazer suas observações.




Por fim, também existe a funcionalidade de se determinar o campo de visão. Eu uso em meu computador 90°, contudo é pratico saber como podemos definir 180° para campo e 360° para a confecção de cartas celestes genéricas. Essa funcionalidade fica na barra lateral direita. Trata-se de um painel com várias opções de graus de abertura de visão. Note que após 310° existe um ícone diferente, ele muda automaticamente a projeção para um tipo polar, é esse que usamos para fazer imprimir as cartas de campo.





Esses são apenas alguns dos recursos mais comuns desse software, contudo, ele não se limita a estes. Não posso deixar de fala que outra boa qualidade deste sistema é ser compatível com as bases de dados mais usuais, permitindo assim enriquecer as informações sobre a esfera celeste. Fica o link para baixar esse aplicativo, lembro novamente que ele é gratuito e confiável:
Outra maneira, bem mais autônoma acredito, está descrito em um link onde a Professora Fátima do IF/UFRGS explica como fazer uma carta genérica para observação de campo. Sugiro que sigas os passos deste link para construir sua carta. Uma boa idéia é plastificar as folhas após as colar em papel cartão.