quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mais um Norte...


Lembro-me da frase de meu velho instrutor de navegação: “O mundo seria um lugar bem mais simples se não existissem tantos nortes... ”. Daquele dia em diante por várias vezes em minha vida dei razão ao bom Cmd. Piccoli. Hoje mais uma vez esse período me sobe ao consciente ao planejar como apresentar mais um deles, o Norte Celeste. Isso é fundamental para a orientação em qualquer carta celeste.  Como vocês já devem saber, existem vários “Nortes”! Eu mesmo tenho lhes falado em posts passados de pelo menos dois deles: O Norte magnético, regido pelas linhas de DMG locais(que no fundo esse não têm muita importância para nós...) e o verdadeiro que está preso ao movimento de rotação terreste. Contudo, ainda existe mais sistema de coordenadas um que nos será útil a partir de agora ao usarmos Cartas Celestes. Para tanto o primeiro passo é determinar o Norte Celeste. Basta apontar para a estrela Alpha Ursae Minoris(α UMi), também conhecida por Estrela Polar.
Infelizmente para nós habitantes de relativa latitude do hemisfério sul isso não é tão simples, dado que é impossível de se visualizar tal astro daqui em qualquer época do ano. Entretanto, existe um método de aproximação relativamente confiável. Tal coisa passa por sua habilidade em identificar o Cruzeiro do Sul. Pode primeiramente parecer uma tarefa simples dado que a forma dela é evidentemente análoga a uma cruz, entretanto existe inúmeras possibilidades de se identificar erroneamente outras configurações estrelares em cruz na abóboda celeste. Eu pessoalmente procuro por Epsilon Crucis(ε Cru), que é popularmente conhecida por Intrometida. Acredito que agora essa tarefa fique bem mais simples.    







Feita essa identificação basta prolongar o braço maior desta constelação por quatro vezes e meia. Isso conta cerca de 27° de arco celeste. Esse ponto é imóvel durante o ano, permitindo assim o alinhamento de sua carta celeste sem maiores problemas. Também se é possível determinar o Sul verdadeiro através deste ponto, para tala simplesmente se prolonga uma reta perpendicular ao solo e esse local no espaço.

Agora que você já sabe encontrar o Sul Celeste pode vir a ser útil para localizar outras constelações um método de medir arcos na esfera celeste. Eu uso essa relação:


  • 0,5° = Diâmetro aparente do Sol ou a Lua cheia próxima ao zênite(Devido ao albedo a lua pode ficar enorme quando ela está próxima do horizonte).
  • 1° = Diâmetro de seu dedo mínimo, também é esse o arco de separação de cada uma das estrelas do cinturão de Órion(as Três Marias).
  • 5° = Largura dos dedos anulares até o indicador juntos. 
  • 6° = Comprimento do braço maior do Cruzeiro do Sul.
  • 10° = Largura de um punho cerrado.
  • 15° = Distância entre os dedos mínimo e indicador quando a mão está aberta. Também esse é a distância máxima percorrida pela abóboda celeste durante o intervalo de uma hora.
  • 20° = Largura de seu polegar até o mínimo quando sua mão está aberta.


Ao aplicar tal técnica tenha em mente que todos nos temos pequenas diferenças em nossas proporções anatômicas. Visto isso que devemos “calibrar” a distância que separa nossos olhos de nossa mão para que tal técnica surta um resultado mais próximo da realidade. Eu costumo a fazer aquela medida do dedo mínimo em relação a distância entre cada estrela do cinturão de Órion. Após fixar as duas estrelas entre meu dedo tento memorizar o quanto devo flexionar o braço. Tente fazer isso quando for possível.      
Entretanto não estaria sendo honesto se lhe falasse que tais medidas são realmente precisas! Elas valem muito bem para a astronomia de posição, contudo  quando observamos algo distante através das lentes de um telescópio uma mera aproximação de coordenadas é o suficiente. Para tal esses equipamentos possuem uma luneta menor, que alinhada com o tubo principal formam uma espécie de mecanismo de mira espacial. Volto a tocar no assunto quedo falar em observação através de telescópios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário