Ao iniciar este post, volto meus pensamentos às palavras do
grande divulgador da astronomia Carl Sagan: “Saber muito não lhe torna
inteligente. A inteligência se traduz na forma que você recolhe, julga, maneja
e, sobretudo, onde e como aplica esta informação”. Acredito que esse homem, que
falou que todos nós somos feitos de poeira de estrelas, queria demonstrar que o
conhecimento livresco, mais do que comum nesses dias, só prova que temos boa
memória... Tenho alguma certeza em imaginar que ler uma carta celeste é o mínimo
para alcançar o objetivo dessa fantástica atividade. Destarte pretendo hoje
demonstrar como podemos filtrar algumas informações úteis para a observação através
de um sistema computacional.
Eu já falei sobre alguns softwares antes, porém nunca tive a
oportunidade de lhes demonstrar como usá-los. Minha intenção é suprir essa
falha agora! Não pretendo de modo algum compilar um tutorial, mas sim um “How
to...” muito rápido de como podemos usar de modo prático esse software livre (que
pode ser baixado por qualquer pessoa) de grande qualidade!
Buenas, acredito que o primeiro passo é mesmo ajustar
nosso ponto de partida para observação. Para tal, devemos, após a instalação do
software, setar corretamente nosso lócus observacional, que comumente se mostra
mais que um. Esse software que lhes indico no link do final deste post já nos
permite uma vantagem: que guardemos várias posições de partida para a
compilação de cartas. Isso se mostra muito útil quando temos a possibilidade de
irmos para uma residência de interior ou para alguma casa de praia onde temos a
oportunidade de fugir da luminosidade parasita... Então, ao abrirmos essa
ferramenta, notamos que existe uma barra na margem esquerda de nossa tela. Nela,
exibe-se um ícone que o hint diz: “Fixar localização do observatório”. Ao
clicar no ícone, devemos informar, nos campos próprios, as coordenadas de onde
pretendemos montar a base de observação. No exemplo da figura, passo o local de
minha casa, porém, também guardo uma entrada para minha residência de interior
e de casa de praia. Para tal, devemos consultar um GPS ou pelo menos o Google Earth,
para obter esses dados de geolocalização.
Feito isso, devemos configurar o relógio do software. Esse
recurso, além mostrar o que se passa em nossa esfera celeste, nos fornece a Data
Juliana correta. Isso vai se mostrar útil mais adiante, quando pretendo sugerir
o que se deve ser anotado em nossos blocos de notas. O recurso dessa janela
negra que aparece na figura vai estar escondido à direita em sua barra de
tarefas, quando falar em hora sideral retomarei esse tópico. Agora nos basta
saber que o tempo em uma carta é relativo ao que é observacional em dada
latitude local. Assim, mais uma vez voltemos a barra lateral esquerda, tomemos
o ícone imediatamente acima do nosso último. Ao clicar nele, se abre uma janela
que permite configurar a hora local. Lhes aconselho a habilitar radioButton: “Usar
hora do sistema.”, assim ele vai colher a data de sua máquina e fazer os ajustes
para cada local cadastrado.
Tendo configurado esses passos já podemos ter uma idéia do
que nos espera na esfera celeste! Um dos recursos mais úteis que estará disponível
para nós agora é a lista de objetos observacionaveis. Ela está em um ícone na
barra superior, e seu hint indica: “Lista de Objetos”; ao seu lado existe um
calendário de efemérides, bastante útil para aqueles que objetivam as observações
dentro de nosso sistema solar.
O próximo recurso a ser explorado é o que nós plotamos em
nossas cartas. Isso vai depender do que nossas lentes são capazes de definir.
Para o guerrilheiro espacial, que tem um telescópio de baixo custo, recomendo
que não altere a magnificação e que explore os alvos mais viáveis, como
aglomerados e planetas. Contudo, se você tiver um aparato óptico mais
sofisticado, possuidor de um espelho mais privilegiado, pode lhe ser útil saber
como aumentar a magnitude dos astros. Eu uso o menu Carta>Número de
Estrelas>Mais Estrelas. Isso também vale para as nebulosas em Carta>Número
de Nebulosas>Céu Mais Profundo.
Existe também a possibilidade de se escolher o tipo de
projeção de coordenadas que se deseja plotar, por hora mantenha a Azimutal. Contudo,
com o tempo pode lhe vir a lhe ser prático usar a equatorial, elíptica ou a Galáctica
dependendo de seu nível e aplicação. Esses ajustes também ficam na barra lateral
esquerda, como mostra a figura.
Para atividades de campo, podemos com o auxilio de um
Leptop, não prejudicarmos nossa visão noturna. Nessa ferramenta é possível usarmos
uma “luz de boate”, como nominávamos esse recurso no tempo de Força Aérea, quando operávamos durante a noite. Fato que a luz vermelha não agride a visão e
esse software vem com essa possibilidade. Esse botão está na barra superior,
seu hint é “Cor da Visão Noturna”. Ativar-lo possivelmente lhe será útil ao fazer suas
observações.
Por fim, também existe a funcionalidade de se determinar o
campo de visão. Eu uso em meu computador 90°, contudo é pratico saber como
podemos definir 180° para campo e 360° para a confecção de cartas celestes
genéricas. Essa funcionalidade fica na barra lateral direita. Trata-se de um
painel com várias opções de graus de abertura de visão. Note que após 310°
existe um ícone diferente, ele muda automaticamente a projeção para um tipo
polar, é esse que usamos para fazer imprimir as cartas de campo.
Esses são apenas alguns dos recursos mais comuns desse
software, contudo, ele não se limita a estes. Não posso deixar de fala que outra
boa qualidade deste sistema é ser compatível com as bases de dados mais usuais,
permitindo assim enriquecer as informações sobre a esfera celeste. Fica o link
para baixar esse aplicativo, lembro novamente que ele é gratuito e confiável:
Outra maneira, bem mais autônoma acredito, está descrito em
um link onde a Professora Fátima do IF/UFRGS explica como fazer uma carta
genérica para observação de campo. Sugiro que sigas os passos deste link para
construir sua carta. Uma boa idéia é plastificar as folhas após as colar em
papel cartão.
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