Comumente escutamos na mídia frases de efeito como: “...o astro
de grande magnitude do cinema vai...”, provando mais uma vez que esses sujeitos
são ótimos jornalistas. Contudo, igualmente não entendem lhufas de astronomia.
Tal erro, reiterantemente repetido, pode nos causar alguma confusão e fazer
acreditar que quanto maior a magnitude maior é o astro. De modo algum isso está
correto para as nossas atividades!
Um dos grandes filhos da Escola de Alexandria foi Hiparco. Esse
notável grego que entre outras coisas proporcionou grandes avanços no campo da
trigonometria, inventou o astrolábio primitivo e também desenvolveu um método
de classificar as estrelas é tido como um dos pais da astronomia científica. É justamente nesse último feito, o de catalogar estrelas, que agora tem maior
função para nós. Tal método, que encontrou eco durante o passar de dois mil
anos, ainda é usado como medida científica hoje.
Na verdade o que esse astrônomo fez não foi mais que uma
tabela de comparação entre o brilho dos astros, bastante simples como tudo que
é realmente bom... Tal característica é nominada de Escala de Magnitude
Aparente( agora uma dedução lógica brilhante é que também existe uma real...),
essa escala não denota tamanho ou intensidade de do astro, mas sim a quantidade
de luz proveniente dele que chega até nós. Ela foi compilada de modo meio
subjetivo, contudo eficiente. Uma noite Hiparco classificou as vinte estrelas
mais fortes que ele observou como de magnitude 1, as de um tamanho pouco menor
ele as classificou astros de magnitude 2, assim por diante. Entretanto existe
um complicador para as lentes nesse ponto, pode se muito bem pensar agora que
um astro de magnitude aparente 1 é quatro vezes maior que outro de magnitude 4.
Isso não é verificável dessa forma, o olho humano funciona de modo não linear para
a captação da luz, deste modo se aproximando mais de um comportamento logaritmo
para essa escala. Mas como nós podemos usa-la? Para se obter um comparativo seguro, encontre a estrela Vega, ela
fica na constelação de Lyra.
Pois bem, essa tem magnitude 0(Sim, também existem astros de
magnitude negativa. Não esperavas que Hiparco tivesse catalogado todas as mais
de 1500 estrelas observáveis a olho nu, não é?), ela pode servir como marco
zero em uma escala. As que forem um pouco mais opacas que ela tem magnitude
positiva na ordem decrescente de 1, 2, 3... Já as que forem mais brilhantes tem
magnitudes menores na ordem inversa do tipo -1, -2... Simples assim! O olho
humano capta astros de magnitude até 6, contudo, para isso a noite tem que
apresentar condições espetaculares. Segue abaixo uma tabela das magnitudes aparentes
dos astros mais usuais:
Sol
|
-26,74
Magnitudes
|
Grandes Cometas
|
-19 até -17
Magnitudes
|
Lua Cheia
|
-12,6 Magnitudes
|
Venus
|
-5(Maximo)
Magnitudes
|
Júpiter
|
-2,2
Magnitudes
|
Sirius: -1,5
|
-1,5 Magnitudes
|
Mercúro
|
-1,3
Magnitudes
|
Vega
|
0,0 Magnitudes
|
Olho Humano
|
6
Magnitudes
|
Binóculos e Refratores
|
6 até 10
Magnitudes
|
Refletores de 76mm até 300mm
|
10 até
15 Magnitudes
|
Grandes Telescópios Terrestres
|
20 até
27 Magnitudes
|
Limite dos grandes telescópios
Terrestres
|
28 Magnitudes
|
Hublle
|
30 Magnitudes
|
Contudo o velho Hiparco não tinha naquela época como
adivinhar que as estrelar não estavam todas na mesma distancia, quem dera que
queimavam combustíveis diferentes em seus motores de fusão nuclear de acordo com sua evolução estrelar. Ai está
a origem do problema do tamanho aparente! Para uma criança pode parecer que a Lua
que seja maior que o sol, assim como você poderá ter problemas em convencer um
leigo em astronomia que a dita “Estrela Dalva”(que na verdade é o planeta Venus)
é muito menor que Júpiter... Para se entender a Magnitude Real é só imaginarmos
que todas as estralas estivessem afastadas da terra pela mesma distância, dessa
forma fazendo com que uma data quantidade de luz chegue a nós. Gostaria de
evitar formulas nesse espaço, contudo acredito que nesse caso essa pode ser útil
para ilustrar como exemplo:
m = 2,5log F + c/d
Onde "m" é a magnitude aparente, "F" é o Brilho aparente e "c"
corresponde a distância(comumente 10 parsecs)
Nome
da estrela
|
Magnitude
aparente
|
Magnitude
absoluta
|
Distância
da Terra (em anos-luz)
|
Sol
|
-26,72
|
4,8
|
0,000016
|
Sírius
|
-1,46
|
1,4
|
8,6
|
Canopus
|
-0,72
|
-2,5
|
74
|
Rigel
Kentaurus
|
-0,27
|
4,4
|
4,3
|
Arcturus
|
-0,04
|
0,2
|
34
|
Vega
|
0,03
|
0,6
|
25
|
Capella
|
0,08
|
0,4
|
41
|
Rigel
|
0,12
|
-8,1
|
900
|
Betelgeuse
|
0,7
|
-7,2
|
1.500
|
Altair
|
0,77
|
2,3
|
16
|
Proxima
Centauri*
|
11,05
|
15,5
|
4,3
|
Também existe a Magnitude Bolométrica, que leva em conta a
energia da estrela. Que serve para determinar o estágio evolutivo de uma
estrela. Entretanto, deve ficar claro aqui que apesar de todas essas magnitudes
tenham suas escalas relacionadas, elas são independes em suas ordens de
crescimento. Prova disso que a primeira vista tinha como base de partida a
estrela mais brilhante que um astrônomo viu a dois mil anos atrás, a segunda em
Vega que tem magnitude aparente 0 e finalmente essa última o brilho do sol.
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