terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um Brilho no Firmamento.





Comumente escutamos na mídia frases de efeito como: “...o astro de grande magnitude do cinema vai...”, provando mais uma vez que esses sujeitos são ótimos jornalistas. Contudo, igualmente não entendem lhufas de astronomia. Tal erro, reiterantemente repetido, pode nos causar alguma confusão e fazer acreditar que quanto maior a magnitude maior é o astro. De modo algum isso está correto para as nossas atividades!   

Um dos grandes filhos da Escola de Alexandria foi Hiparco. Esse notável grego que entre outras coisas proporcionou grandes avanços no campo da trigonometria, inventou o astrolábio primitivo e também desenvolveu um método de classificar as estrelas é tido como um dos pais da astronomia científica. É justamente nesse último feito, o de catalogar estrelas, que agora tem maior função para nós. Tal método, que encontrou eco durante o passar de dois mil anos, ainda é usado como medida científica hoje.

Na verdade o que esse astrônomo fez não foi mais que uma tabela de comparação entre o brilho dos astros, bastante simples como tudo que é realmente bom... Tal característica é nominada de Escala de Magnitude Aparente( agora uma dedução lógica brilhante é que também existe uma real...), essa escala não denota tamanho ou intensidade de do astro, mas sim a quantidade de luz proveniente dele que chega até nós. Ela foi compilada de modo meio subjetivo, contudo eficiente. Uma noite Hiparco classificou as vinte estrelas mais fortes que ele observou como de magnitude 1, as de um tamanho pouco menor ele as classificou astros de magnitude 2, assim por diante. Entretanto existe um complicador para as lentes nesse ponto, pode se muito bem pensar agora que um astro de magnitude aparente 1 é quatro vezes maior que outro de magnitude 4. Isso não é verificável dessa forma, o olho humano funciona de modo não linear para a captação da luz, deste modo se aproximando mais de um comportamento logaritmo para essa escala. Mas como nós podemos usa-la? Para se obter um comparativo seguro, encontre a estrela Vega, ela fica na constelação de Lyra.



Pois bem, essa tem magnitude 0(Sim, também existem astros de magnitude negativa. Não esperavas que Hiparco tivesse catalogado todas as mais de 1500 estrelas observáveis a olho nu, não é?), ela pode servir como marco zero em uma escala. As que forem um pouco mais opacas que ela tem magnitude positiva na ordem decrescente de 1, 2, 3... Já as que forem mais brilhantes tem magnitudes menores na ordem inversa do tipo -1, -2... Simples assim! O olho humano capta astros de magnitude até 6, contudo, para isso a noite tem que apresentar condições espetaculares. Segue abaixo uma tabela das magnitudes aparentes dos astros mais usuais:


Sol
-26,74 Magnitudes
Grandes Cometas
 -19 até -17  Magnitudes
Lua Cheia
-12,6  Magnitudes
Venus
-5(Maximo) Magnitudes
Júpiter
-2,2 Magnitudes
Sirius: -1,5
-1,5  Magnitudes
Mercúro
-1,3 Magnitudes
Vega
0,0  Magnitudes
Olho Humano
6 Magnitudes
 Binóculos e Refratores
6 até 10 Magnitudes
Refletores de 76mm até 300mm
10 até 15  Magnitudes
Grandes Telescópios Terrestres
20 até 27 Magnitudes
Limite dos grandes telescópios Terrestres
28  Magnitudes
Hublle
30  Magnitudes
*Lembre-se que essa é uma escala logaritma. ;P


Contudo o velho Hiparco não tinha naquela época como adivinhar que as estrelar não estavam todas na mesma distancia, quem dera que queimavam combustíveis diferentes em seus motores de fusão nuclear de acordo com sua evolução estrelar. Ai está a origem do problema do tamanho aparente! Para uma criança pode parecer que a Lua que seja maior que o sol, assim como você poderá ter problemas em convencer um leigo em astronomia que a dita “Estrela Dalva”(que na verdade é o planeta Venus) é muito menor que Júpiter... Para se entender a Magnitude Real é só imaginarmos que todas as estralas estivessem afastadas da terra pela mesma distância, dessa forma fazendo com que uma data quantidade de luz chegue a nós. Gostaria de evitar formulas nesse espaço, contudo acredito que nesse caso essa pode ser útil para ilustrar como exemplo:


m = 2,5log F + c/d       


Onde "m" é a magnitude aparente, "F" é o Brilho aparente e "c" corresponde a distância(comumente 10 parsecs)

Nome da estrela
Magnitude aparente
Magnitude absoluta
Distância da Terra (em anos-luz)
Sol
-26,72
4,8
0,000016
Sírius
-1,46
1,4
8,6
Canopus
-0,72
-2,5
74
Rigel Kentaurus
-0,27
4,4
4,3
Arcturus
-0,04
0,2
34
Vega
0,03
0,6
25
Capella
0,08
0,4
41
Rigel
0,12
-8,1
900
Betelgeuse
0,7
-7,2
1.500
Altair
0,77
2,3
16
Proxima Centauri*
11,05
15,5
4,3
*Fonte: Observatório Nacional



Também existe a Magnitude Bolométrica, que leva em conta a energia da estrela. Que serve para determinar o estágio evolutivo de uma estrela. Entretanto, deve ficar claro aqui que apesar de todas essas magnitudes tenham suas escalas relacionadas, elas são independes em suas ordens de crescimento. Prova disso que a primeira vista tinha como base de partida a estrela mais brilhante que um astrônomo viu a dois mil anos atrás, a segunda em Vega que tem magnitude aparente 0 e finalmente essa última o brilho do sol.   

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